A Cirurgia Ambulatória terá de se munir da diferenciação técnica e tecnológica para realizar procedimentos cada vez mais complexos

A Cirurgia Ambulatória terá de se munir da diferenciação técnica e tecnológica para realizar procedimentos cada vez mais complexos

O IAAS IberoAmerica 2023 – 2.º Congresso Iberoamericano de Cirurgia Ambulatória irá realizar-se no dia 18 de novembro, online, tendo a inovação como centro de um debate multidisciplinar e internacional. Frederico Branco, presidente do Comité Científico, partilhou o seu parecer sobre o encontro, clarificando ainda a sua perspetiva sobre os novos moldes que constituem este tipo de intervenção e a relação com os avanços tecnológicos.

 

Poderia começar por explicar em que consiste esta iniciativa e o motivo da seleção do formato online?

Frederico Branco (FB) - O 2.º Congresso IberoAmericano de Cirurgia Ambulatória irá ocorrer no dia 18 de novembro. Iremos ter três salas simultâneas, onde terá lugar a partilha de experiências de profissionais de saúde e não só, oriundos especialmente da América do Sul, Portugal e Espanha, tendo como denominador comum o ambulatório.

 

Qual é o principal objetivo deste evento?

FB - Para além do reforço de laços entre associações tão distantes geograficamente, mas tão próximas, pois colocam o doente em ambulatório como core, este evento tem como princípio a partilha de experiências de ilustres profissionais de saúde que são referências mundiais na sua área. Salienta-se ainda que teremos como objetivo importar conhecimentos de outras áreas externas à saúde, mas com uma possível aplicabilidade no dia a dia enorme.

 

Este ano assume o cargo de presidente do Comité Científico. Como tem sido o desafio de liderar a coordenação do programa científico?

FB - É, sem dúvida, um desafio. Sempre gostei de trabalhar em equipa e reconheço a qualidade de todo o Comité Científico. Isto faz realmente toda a diferença, assim como crescemos uns com os outros. Temos profissionais de quase todas as especialidades, de todas as áreas relacionadas com a saúde e ainda com outras profissões que trouxeram uma contribuição diferente e inovadora ao programa.

 

A Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatória (APCA), a Asociacion Española de Cirurgia Mayor Ambulatoria (ASECMA), International Association For Ambulatory Surgery (IAAS) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Ambulatorial (SOBRACAM) são as entidades envolvidas na organização. Como pode avaliar o trabalho realizado entre estes grupos, ainda que exista distanciamento geográfico?

FB - Eu aqui faria o paralelismo com o tempo do doente no hospital numa Cirurgia de Ambulatório, ou seja, extremamente bem programado, coordenado e bem orientado, para que a alta aconteça naturalmente. Querendo dizer com isto que caso exista a mesma cooperação com coordenação, irá originar um evento muito interessante!

 

O tema deste ano centra-se na “Inovação e Avanços na Cirurgia Ambulatória”. Pode revelar-nos mais sobre esta temática e a razão de ter sido escolhida?

FB - Vivemos num tempo onde a inteligência artificial, robótica e cirurgia minimamente invasiva são temas permanentemente abordados em qualquer realidade de saúde, sendo de especial destaque em ambulatório, onde todos os minutos contam. A Cirurgia Ambulatória terá de se munir da diferenciação técnica e tecnológica para realizar procedimentos cada vez mais complexos. Mas, ainda que se fale da inteligência artificial e da robótica, não nos podemos esquecer da inteligência natural e da humanização dos cuidados, porque tratamos pessoas, trabalhamos com pessoas e somos pessoas!

 

Que hot topics serão abordados?

FB - Tecnologia, robótica, otimização de recursos, sustentabilidade ambiental, inteligência artificial, gestão de equipas, erro, formação. Um número de itens que fazem o programa muito aliciante. Saliento ainda que teremos apresentações de posters e prémios muito interessantes para os melhores trabalhos.

 

Assim como outras intervenções médicas, a Cirurgia Ambulatória tem sofrido constantes evoluções. De que forma considera que se encontra o estado de arte desta área?

FB - A Cirurgia Ambulatória tem sofrido um avanço tremendo. Num voo, o check in, o voo, e o check-out são determinantes, tal e qual como numa Cirurgia de Ambulatório. O paralelismo demonstra a importância do apetrechamento da Unidades de Cirurgia de Ambulatório, a diferenciação técnica e formação das equipas, bem como a otimização da gestão dos recursos das unidades. Tudo isto somado, dá origem à realização de procedimentos cada vez mais complexos em ambulatório, com índices de satisfação altíssimos dos doentes e das suas famílias.

 

As apresentações desempenham um papel fundamental em qualquer conferência. Existe alguma sessão que aguarde com particular entusiasmo?

FB - Todas, na verdade. Tendo uma especial curiosidade com aqueles que sejam diferentes e nos tragam instrumentos, ferramentas, conhecimentos, para cada vez mais evoluirmos, crescermos e elevar-nos uns aos outros. Teremos treinadores de futebol de equipas muito conhecidas, psicólogos, jornalistas, comandantes de avião, entre outros. Existirão apresentações de várias áreas diferentes e espero ser surpreendido da melhor forma.

 

Após o esforço e planeamento dedicados à realização deste encontro, que expectativas apresenta?

FB - Na minha mente fervilham adjetivos e ideias já para o próximo evento de Cirurgia Ambulatória com convicções criativas na busca de outras e melhores soluções. Assim como que cada delegado se sinta surpreendido com o programa, tornando o evento mais rico e com uma perspetiva diferente para algumas temáticas.

 

Para finalizar, que mensagem gostaria de deixar aos participantes?

FB - O meu agradecimento por ter tido aqui todas estas pessoas. Que cada delegado sinta que o programa o tornou mais rico. Todos os profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, gestores, psicólogos, auxiliares, alunos, terão o maior proveito de estar presente neste congresso.